Crise epiléptica e Epilepsia
20/07/2022
Uma crise epiléptica é a ocorrência transitória de sinais ou sintomas clínicos secundários a uma atividade neuronal anormal excessiva, já a epilepsia é uma doença que se caracteriza por uma predisposição permanente do cérebro em originar convulsões e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais destas crises.
A prevalência mundial de epilepsia ativa está em torno de 0,5% a 1,0% da população, diferindo de acordo com a faixa etária, gênero, etnia e fatores socioeconômicos. No Brasil estudos indicam uma prevalência da doença de 11,9/1.000 na Grande São Paulo, sendo maior em classes sociais menos favorecidas (7,5/1.000) e em idosos (8,5/1.000).
O diagnóstico de epilepsia é clínico, podendo ser suplementado por características eletroencefalográficas (EEG) e/ou exame de imagem, classificando assim o paciente dentro de uma síndrome epiléptica. São usados sistemas de classificação das síndromes que permitem a investigação padronizada da apresentação de convulsões e epilepsia, etiologias e tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos, assim como avaliar o prognóstico.
O objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises com um mínimo de efeitos adversos. Os fármacos são a base do tratamento da epilepsia. Os tratamentos não medicamentosos são viáveis apenas em casos selecionados, na sua maioria são indicados após a falha medicamentosa.
Efeitos adversos, do uso de fármacos antiepilépticos, são relacionados ou não à dose. Em geral, os efeitos relacionados à dose utilizada, como letargia, sonolência e visão dupla, são reversíveis, isto é, desaparecem com a redução da dose ou com a suspensão do fármaco causador dos sintomas.
A epilepsia medicamento responsiva é mais comum do que a epilepsia medicamento intratável. Apesar de ter um prognóstico relativamente simples, o tratamento longitudinal da população livre de crises requer vigilância e educação. Os fundamentos básicos de cuidados na população com epilepsia centram-se em um conhecimento prático de medicamentos anticonvulsivantes, adesão do paciente e fatores que podem precipitar convulsões.
Anaíse Borges
Neurologista do Nest